terça-feira, 15 de junho de 2010

Aprendizagem virtual e suas potencialidades pedagógicas


A evolução do pensamento em educação vem tornando-se cada vez mais amplo, devido não só ao avanço tecnológico, mas também aos vários estudos na área, os quais têm como objetivo produzir novas metodologias que otimizem o processo de ensino-aprendizagem, tanto na aquisição de conhecimentos quanto na satisfação de trabalho de ambos, educadores e educandos.

Neste artigo produzido por Honório Salmerón, Sonia Rodriguez e Calixto Gutiérrez, eles fazem uma análise da utilização de tecnologias da informação e comunicação e também elementos pedagógicos provenientes de aproximações socioculturais.

A aprendizagem virtual, como as oferecidas pelas plataformas para o aprendizado colaborativo mediado pelo computador favorecem a comunicação, a mediação e a construção compartilhada do conhecimento. O uso destas ferramentas tecnológicas que contenham inovações educativas pode ser de grande relevância tanto na gestão de programas educativos, quanto em processos de educação universitária no desenvolvimento de unidades curriculares, estendendo assim as fronteiras para fora da sala de aula.

Nesta junção de tecnologias de informação e educação, se expande a inclusão de modalidades de ensino-aprendizagem não presenciais e semi-presenciais ou blended learning, as quais usam da internet como tecnologia de distribuição de informação e formação de conhecimento, misturados com métodos de ensino baseados na aprendizagem colaborativa e cooperativa, as quais eles consideram como bastante adequada, pois proporcionam aos alunos um contexto virtual de aprendizado entre iguais com interações educativas de qualidade.

O uso exclusivo desta ferramenta para acumular informação, não é uma ação pedagógica. Somente adquire valor pedagógico quando as interpretamos como artefatos mediadores entre o docente e o aluno ou entre iguais que proporcionam um contexto educativo singular e virtual facilitador de processos interativos de co-construção de conhecimento.

Neste contexto alguns estudiosos construtivistas como Vygosky e Piaget defendem a importância da comunicação na interação para o desenvolvimento cognitivo, ainda que com visões diferentes.

Através de métodos de ensino colaborativos e ou cooperativos pelo computador pretende-se capacitar os alunos para distintas modalidades: presencial, semi-presencial e não presencial. Apesar de ambos os termos, aprendizagem colaborativa e cooperativa, serem semelhantes, cada uma apresenta características próprias:

Colaborativa: menos estruturada; processo não tão claramente definido (os membros do grupo discutem e negociam o processo); e busca-se a interdependência igualitária (os membros do grupo escolhem).

Cooperativa: o processo é geralmente sugerido ou imposto; e a estrutura do grupo é geralmente imposta (o professor decide).

Algumas experiências positivas, estudos, com o uso desta metodologia de aprendizado colaborativo/cooperativo através de ferramentas de aprendizado em rede são apresentados: WebQuest (aprendizado baseado em problemas; Riaño e González, 2008 ), sinergia (área virtual para compartilhar trabalhos, grupos de investigação; Jimenéz, Llitjós e Puigcever, 2007), Aprendizado baseado em projeto, no qual se comparou esta metodologia de ensino ao rendimento acadêmico (Pérez-Poch, 2006); entre outros estudos tratados no artigo.

As conclusões que chegaram revisando estes estudos foram que o uso das plataformas virtuais como otimizadoras da comunicação facilitam a aprendizagem colaborativa-cooperativa independente do nível educacional dos estudantes. Também geram progressos no desenvolvimento acadêmico, social e cognitivo, pois se utilizam das trocas sócio-cognitivas, as quais podem gerar conflitos e assim construir e reconstruir conhecimentos. O aumento de redes e desenvolvimento de ambientes virtuais que propiciem a criação de um espaço contínuo em que professores e alunos se encontram e trabalham com os recursos de aprendizado já é uma realidade e uma possibilidade para melhorar e ampliar as fronteiras do processo de ensino-aprendizagem.

Bibliografia:

Salmerón Honorio; Rodríguez Sonia; Gutiérrez Calixto. Metodologías que optimizan la comunicación en entornos de aprendizaje virtual. Comunicar, n° 34, v. XVII, 2010, páginas 163-171.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

AVALIANDO A APRENDIZAGEM

Muito tem se discutido sobre os métodos avaliativos utilizados pelos professores atualmente para "quantificar" o conhecimento adquirido pelos alunos em sala de aula. Porém, a qualidade destes métodos avaliativos vem sendo cada vez mais questionada: para muitos as avaliações realmente são capazes de medir a quantidade e a qualidade do conhecimento assimilado pelos alunos; enquanto que para tantos outros as avalições são altamente insuficientes no que se diz respeito à este propósito.

Em trabalho desenvolvido por Rodrigues & Precioso (2010), sobre a qualidade dos testes aplicados pelos professores atualmente para avaliar o conhecimento científico adquirido por alunos do 6º ano, eles discutem que para muitos autores "os testes constituem o instrumento dominante e, por vezes, quase exclusivo da avaliação dos alunos. É fundamental que os professores elaborem estes instrumentos com qualidade, pois da sua aplicação depende, muitas vezes, a classificação atribuída aos alunos e, consequentemente, o seu futuro."

Os testes atualmente, em muitos casos, são aplicados pelos professores como uma forma de controlar e impor respeito aos alunos, uma vez que em muitos casos os alunos só passam a dar valor no que é dito e ensinado pelo professor quando o que o professor está ensinando vai lhes garantir nota, ou evitar que percam pontos (os quais eles valorizam por depender deles para "passarem de ano"); de modo que a preocupação principal, que seria avaliar a aprendizagem dos alunos, é deixada em segundo plano, o que pode interferir na qualidade dos testes elaborados pelos professores.
Os resultados do trabalho de Rodrigues & Precioso (2010) sugerem que "os testes de avaliação apresentam uma clara predominância de questões que visam avaliar o conhecimento substantivo, sendo raras as perguntas que avaliam as restantes competências. Não são colocadas questões relacionadas com o saber processual e epistemológico, e de raciocínio. Podemos admitir, que questionar a Ciência e avaliar atitudes são desempenhos que os professores que realizaram os testes da amostra, ainda não introduziram nas suas práticas avaliativas."

Propor o questionamento da Ciência em sala de alua, sobre como ela funciona e qual sua aplicabilidade no cotidiano dos alunos, é altamente útil e necessário, uma vez que esta ferramenta educativa fará com que os alunos agucem a curiosodade, se tornem perseverantes e desenvolvam atitudes inerentes ao trabalho de Ciências. Assim, se preciso for, estarão aptos para reformular seus trabalhos, sendo sensíveis e éticos para trabalhar com a Ciência.
Concluindo seu estudo, Rodrigo & Precioso (2010) constataram que os testes atuais aplicados pelos professores para avaliar a aprendizagem dos alunos, "avaliam tópicos e objetivos, que na maioria dos casos, parecem não ter interesse para a vida dos alunos e estão fundamentalmente relacionadas com a memorização de conteúdos. Prevê-se que após a elaboração do teste, serão esquecidos, porque não tiveram para o aluno qualquer interesse prático. Este fator poderá constituir uma das causas do insucesso escolar. A aprendizagem de conteúdos desprovidos de significado, algumas vezes inúteis para a vida, poderá conduzir ao desinteresse e, logicamente, ao referido insucesso escolar."

Desse modo torna-se evidente e necessário que a avaliação não se deva primar somente em testes, pois eles sozinhos são incapazes de avaliar o aluno em todos os sentidos. O professor deverá buscar outras alternativas, diversificar e desenvolver uma metodologia em que os alunos sejam atuantes e desenvolvam atitudes e valores.


Referências Bibliográficas:

- RODRIGUES, C. & PRECIOSO, J. Avaliar a avaliação: um estudo efectuado com testes do 6º ano de escolaridade de Ciências da Natureza. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias v. 9, nº 2, pp. 418-434, 2010.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Especulações Sobre o Ensino de Ciências no Brasil Contemporâneo





A importância de saber ciências hoje é algo marcante. Somos capazes, com o conhecimento científico, de questionar as informações inquietantes que a mídia nos traz diariamente.

Pesquisadores pesquisaram outros pesquisadores (isso mesmo!) que estão relacionados ao ensino de ciências. O intuito foi definir o que é característico desta área aqui no Brasil. Foi visto dentre as características, as mais evidentes como a interdisciplaridade e a inserção da história e filosofia da ciência, dentre outras.

A interdisciplinaridade é apontada como uma das características principais para que o aprendizado em ciências seja mais efetivo. Ela é a relação de disciplinas que juntas tentam desvendar o mesmo objeto. Assim entender pela ótica da interdisciplinaridade possibilita ao sujeito uma interpretação do objeto mais próxima da realidade. Exemplo: Dentro da educação ambiental podemos pegar a problemática do lixo urbano (objeto a ser entendido). Será que somente a Biologia conseguiria explicar esse problema de forma que seja o mais próximo do que ocorre no real? Possivelmente não! Para entender o problema do lixo urbano é necessário interrelacionar os conhecimentos de Geografia com os de Biologia, por exemplo, para saber o seu impacto no solo e o tempo que demoraria para degradar na natureza. Entra também os conhecimentos de Química e Física para analisarmos a durabilidade de cada material e o tempo de vida médio de algumas substâncias. Essa análise também demandaria o uso de cálculos, uma ferramenta da matemática. Como o problema do lixo é também um problema social, é natural utilizarmos os conhecimentos das ciências humanas para decifrarmos e atuar de forma positiva construtiva.Com mais abrangência poderíamos filosofar sobre nosso sistema econômico e o modo de produção vigente. Nas escolas é passado o conteúdo de maneira interdisciplinar ou continuamos na forma compartimentada e não relacionada do conteúdo?

Conhecendo a ciência através de uma visão histórica e filosófica é possível compreender melhor seus conceitos e usá-los para entender o mundo contemporaneo. O contexto histórico-filosófico aproximaria o aluno da ciência propriamente dita. A ciência perderia essa característica de produto e seria entendida como um processo, que sempre estará em construção. Segundo Guerra et al, a abordagem histórico-filosófica pode ser entendida como conceito simples:


É o ensino das ciências a partir de uma concepção histórico-filosófica e não a substituição de tópicos do programa de ciências por outros de sua história ou filosofia. Será a partir de um ensino com esta concepção que os alunos irão perceber que as teorias científicas que estão aprendendo não são um "retrato" da natureza, mas sim uma construção teórica que parte da natureza enquanto realidade construída e não como um dado a priori. 

Esta abordagem também visa a integração das diferentes disciplinas, corroborando com o conceito da interdisciplinaridade.

A realidade do ensino de ciências nas escolas ainda é defasada e os alunos não sabem para que ela existe.

Os PCNs (disponíveis na página do MEC) tem a proposta de oferecer subsídios para um novo ensino nas escolas. O ensino deixa de ser mecânico ( por repetição de fórmulas e argumentos) para ser mais interativo, construtivo, interdisciplinar e formador de sujeito que esteja mais apto a diagnosticar e interferir em problemáticas que necessite do conhecimento aprendido. A escola que era preparatória para o vestibular passa a ter um papel crucial de formar cidadãos críticos. No PCN o ensino tradicional é julgado defasado e há uma série de propostas que visam a reforma do ensino. Ao professor de ciências nas escolas cabe promover atividades aos alunos, em que seus interesses e preferências possam se manifestar, suas diferenças individuais possam ser reveladas e valorizadas, o que também contribui para a motivação e o desejo de aprender. 


O sujeito crítico é capaz de perceber que o consumismo não é uma forma consciente do uso dos recursos naturais? Saberá dizer que óleos vegetais realmente não possuem colesterol? 

Creio que estamos em período de transição. Geralmente transições não acontece de um dia para o outro e demanda a vontade de mudanças. Assim, temos um papel crucial para revitalizar a imagem da ciência, desmistificando-a. Torná-la instrumento acessível, mais uma ferramenta para a cidadania e melhoria social. 


Referências:


NARDI, R. ; ALMEIDA, Maria José P M. Educación en Ciencias: lo que caracteriza el área de enseñanza de las Ciencias en Brazil según investigadores brasileños.. REEC. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 3, p. 24-34, 2008.

GUERRA, A.; FREITAS, J.; REIS, J. C.; BRAGA, M. A. A Interdisciplinaridade no Ensino das Ciências a Partir de uma Perspectiva Histórico-Filosófica. Cad.Cat.Ens.Fís., 15(1), 2-46, 1998