sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Avanço nas pesquisas contra o HIV


Mais alguns passos foram dados na busca por mecanismos de neutralização e até, quem sabe futura prevenção ao vírus HIV, transmissor da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou mais popularmente conhecida AIDS. Neste mês foi publicada uma pesquisa na science sobre a estrutura e funcionalidade de um potente neutralizador ou anticorpo (mais especificamente o VRC01) que atua em uma glicoproteína muito pouco variável do envelope viral, a gp120.

O sistema imunológico, tão amplamente discutido nas aulas de biologia, é formado por um conjunto de células e moléculas responsáveis pelo mecanismo de defesa contra qualquer parasito, ou agente estranho, que entre em contato com nosso organismo. Existem dois tipos de imunidade, a inata e a adquirida. A inata é a primeira linha de defesa e por isso não possui especificidade. Quando a imunidade inata não consegue eliminar o antígeno, a adquirida entra em ação. Suas principais células são os linfócitos T e B, o primeiro apresenta ação efetora e é também nele o alvo de ataque do vírus HIV, já o segundo produz anticorpos, os quais podem, entre outras ações, neutralizar os vírus.

Para o estudo detalhado deste anticorpo (VRC01), como sua estrutura química e ligação à glicoproteína do HIV, os pesquisadores utilizaram o soro (composição do sangue, que contém as células do sistema imunológico) de seres humanos que apresentavam a doença em uma forma não progressiva. Desta forma eles identificaram e analisaram por uma técnica de cristalografia, a ligação entre um antígeno específico (glicoproteína gp120) de vários tipos de vírus causadores da AIDS, e a região de um dos anticorpos (VRC01) que o neutralizava.

Apesar da alta taxa de mutação do vírus HIV, como mesmo explicado no texto postado pela Maísa, os pesquisadores demonstraram que em 190 cepas ou tipos de HIV, 173 foram neutralizados pelo anticorpo VRC1 e apenas 17 eram resistentes à ação do anticorpo, isso corresponde a 10% do total.

A pouca variação na região gp120 do envelope viral e a quantificação da eficácia de neutralização do anticorpo em 90% dos diferentes tipos de HIV, demonstram que o VRC01 é um dos mais eficientes anticorpos produzidos pelas células B para neutralizar a infecção, reprodução descontrolada destes vírus e consequentemente a morte dos linfócitos T.

Mas afinal o que todos esses achados podem fazer para as pessoas portadoras do HIV ou para prevenir a população de possíveis infecções? O tratamento ou cura para a AIDS ainda não é possível, mas muitas pessoas vivem com o vírus em forma latente, outras e a maioria utilizam de medicamentos para impedir sua proliferação e ataque a mais células T ou linfócitos T. Entretanto esses medicamentos apresentam vários efeitos colaterais e o possível uso de anticorpos, como o VRC01 produzidos sinteticamente e em concentrações ideais, poderiam diminuir o uso destes medicamentos e assim melhorar a qualidade de vida destas pessoas. Por outro lado, a identificação destas moléculas e os genes que controlam sua produção, por si só são conhecimentos a mais para futuras pesquisas que busquem um designe para uma vacina contra o HIV. Entretanto é bom lembrar que imunizações para este vírus pode não ser eficaz por muito tempo, assim como a vacina para a gripe aviária e tantas outras doenças nos quais os vírus apresentam RNA como material genético.

Portanto, a melhor forma de evitar a AIDS ainda é a prevenção, e por simples atitudes racionais como: o uso de preservativos e não compartilhamento de objetos cortantes, todos podem evitar o aumento nas estatísticas de infecção deste vírus.

Obs: a foto acima é retirada do artigo e se refere a estrutura (nível atômico) do anticorpo VRC01 ligado a glicoproteína gp120 do envelope do vírus HIV-1.

Bibliografia:

ZHOU T. et al. Structural Basis for Broad and Potent Neutralization of HIV-1 by Antibody VRC01. Scince, vol. 329, 2010, 811-817.

3 comentários:

  1. Lívia, que legal! Estive hoje mesmo conversando com meus alunos sobre isso, e acho que eles vão olhar no blog! Fiquei impressionada de como 90% das cepas foram neutralizadas isso é um avanço e tanto. O ideal seria identificar os sitios de ligação e cadastrar todas as possíves combinações de ligação para drogas semelhantes. Fiquei apaixonada!... Manda o artigo por e-mail! Parabéns!

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  2. É uma pena que ainda não tenhamos conseguido uma solução definitiva (nem biológica e nem cultural), mas é sempre bom saber que também não estamos empacados! Valeu, Lívia!

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  3. muito bom mesmo, meus parabens Livia, continue assim

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