A importância de saber ciências hoje é algo marcante. Somos capazes, com o conhecimento científico, de questionar as informações inquietantes que a mídia nos traz diariamente.
Pesquisadores pesquisaram outros pesquisadores (isso mesmo!) que estão relacionados ao ensino de ciências. O intuito foi definir o que é característico desta área aqui no Brasil. Foi visto dentre as características, as mais evidentes como a interdisciplaridade e a inserção da história e filosofia da ciência, dentre outras.
A interdisciplinaridade é apontada como uma das características principais para que o aprendizado em ciências seja mais efetivo. Ela é a relação de disciplinas que juntas tentam desvendar o mesmo objeto. Assim entender pela ótica da interdisciplinaridade possibilita ao sujeito uma interpretação do objeto mais próxima da realidade. Exemplo: Dentro da educação ambiental podemos pegar a problemática do lixo urbano (objeto a ser entendido). Será que somente a Biologia conseguiria explicar esse problema de forma que seja o mais próximo do que ocorre no real? Possivelmente não! Para entender o problema do lixo urbano é necessário interrelacionar os conhecimentos de Geografia com os de Biologia, por exemplo, para saber o seu impacto no solo e o tempo que demoraria para degradar na natureza. Entra também os conhecimentos de Química e Física para analisarmos a durabilidade de cada material e o tempo de vida médio de algumas substâncias. Essa análise também demandaria o uso de cálculos, uma ferramenta da matemática. Como o problema do lixo é também um problema social, é natural utilizarmos os conhecimentos das ciências humanas para decifrarmos e atuar de forma positiva construtiva.Com mais abrangência poderíamos filosofar sobre nosso sistema econômico e o modo de produção vigente. Nas escolas é passado o conteúdo de maneira interdisciplinar ou continuamos na forma compartimentada e não relacionada do conteúdo?
Conhecendo a ciência através de uma visão histórica e filosófica é possível compreender melhor seus conceitos e usá-los para entender o mundo contemporaneo. O contexto histórico-filosófico aproximaria o aluno da ciência propriamente dita. A ciência perderia essa característica de produto e seria entendida como um processo, que sempre estará em construção. Segundo Guerra et al, a abordagem histórico-filosófica pode ser entendida como conceito simples:
É o ensino das ciências a partir de uma concepção histórico-filosófica e não a substituição de tópicos do programa de ciências por outros de sua história ou filosofia. Será a partir de um ensino com esta concepção que os alunos irão perceber que as teorias científicas que estão aprendendo não são um "retrato" da natureza, mas sim uma construção teórica que parte da natureza enquanto realidade construída e não como um dado a priori.
É o ensino das ciências a partir de uma concepção histórico-filosófica e não a substituição de tópicos do programa de ciências por outros de sua história ou filosofia. Será a partir de um ensino com esta concepção que os alunos irão perceber que as teorias científicas que estão aprendendo não são um "retrato" da natureza, mas sim uma construção teórica que parte da natureza enquanto realidade construída e não como um dado a priori.
Esta abordagem também visa a integração das diferentes disciplinas, corroborando com o conceito da interdisciplinaridade.
A realidade do ensino de ciências nas escolas ainda é defasada e os alunos não sabem para que ela existe.
Os PCNs (disponíveis na página do MEC) tem a proposta de oferecer subsídios para um novo ensino nas escolas. O ensino deixa de ser mecânico ( por repetição de fórmulas e argumentos) para ser mais interativo, construtivo, interdisciplinar e formador de sujeito que esteja mais apto a diagnosticar e interferir em problemáticas que necessite do conhecimento aprendido. A escola que era preparatória para o vestibular passa a ter um papel crucial de formar cidadãos críticos. No PCN o ensino tradicional é julgado defasado e há uma série de propostas que visam a reforma do ensino. Ao professor de ciências nas escolas cabe promover atividades aos alunos, em que seus interesses e preferências possam se manifestar, suas diferenças individuais possam ser reveladas e valorizadas, o que também contribui para a motivação e o desejo de aprender.
O sujeito crítico é capaz de perceber que o consumismo não é uma forma consciente do uso dos recursos naturais? Saberá dizer que óleos vegetais realmente não possuem colesterol?
O sujeito crítico é capaz de perceber que o consumismo não é uma forma consciente do uso dos recursos naturais? Saberá dizer que óleos vegetais realmente não possuem colesterol?
Creio que estamos em período de transição. Geralmente transições não acontece de um dia para o outro e demanda a vontade de mudanças. Assim, temos um papel crucial para revitalizar a imagem da ciência, desmistificando-a. Torná-la instrumento acessível, mais uma ferramenta para a cidadania e melhoria social.
Referências:
NARDI, R. ; ALMEIDA, Maria José P M. Educación en Ciencias: lo que caracteriza el área de enseñanza de las Ciencias en Brazil según investigadores brasileños.. REEC. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 3, p. 24-34, 2008.
GUERRA, A.; FREITAS, J.; REIS, J. C.; BRAGA, M. A. A Interdisciplinaridade no Ensino das Ciências a Partir de uma Perspectiva Histórico-Filosófica. Cad.Cat.Ens.Fís., 15(1), 2-46, 1998
Mael, esse texto me lembrou a disciplina Gestão Ambiental, onde discutimos exaustivamente o conceito e a aplicação da interdisciplinaridade. É uma meta (ser um profissional que tenha pelo menos influência de diversas áreas do conhecimento) difícil de ser alcançada com perfeição, talvez até por falta de tempo para trabalhar com tantos pontos de vista diferentes. Entretanto a abordagem interdiciplinar permite um conhecimento mais amplo, mais completo. Existe uma velha metáfora que diz que ao buscarmos a verdade devemos ter sempre um cubo em mente. Ou seja, a verdade possui sempre várias faces, várias versões que precisam ser levadas em consideração. Assim é também com as ciências. A abordagem interdiciplinar seria como olhar o objeto de estudo sob essa ótica do cubo, com vários pontos de vista e dessa forma se obtem uma aproximação mais completa da realidade!
ResponderExcluirWaldir
Mael, adorei seu texto!!!
ResponderExcluirEssa otica é a que buscamos todos os dias quando vamos à escola e quando estamos estudando para preparar as nossas proprias aulas.
E sentimos na pele não ser muito fácil, mas tendo a clareza de que este é o caminho.
valeu!