sexta-feira, 11 de junho de 2010

AVALIANDO A APRENDIZAGEM

Muito tem se discutido sobre os métodos avaliativos utilizados pelos professores atualmente para "quantificar" o conhecimento adquirido pelos alunos em sala de aula. Porém, a qualidade destes métodos avaliativos vem sendo cada vez mais questionada: para muitos as avaliações realmente são capazes de medir a quantidade e a qualidade do conhecimento assimilado pelos alunos; enquanto que para tantos outros as avalições são altamente insuficientes no que se diz respeito à este propósito.

Em trabalho desenvolvido por Rodrigues & Precioso (2010), sobre a qualidade dos testes aplicados pelos professores atualmente para avaliar o conhecimento científico adquirido por alunos do 6º ano, eles discutem que para muitos autores "os testes constituem o instrumento dominante e, por vezes, quase exclusivo da avaliação dos alunos. É fundamental que os professores elaborem estes instrumentos com qualidade, pois da sua aplicação depende, muitas vezes, a classificação atribuída aos alunos e, consequentemente, o seu futuro."

Os testes atualmente, em muitos casos, são aplicados pelos professores como uma forma de controlar e impor respeito aos alunos, uma vez que em muitos casos os alunos só passam a dar valor no que é dito e ensinado pelo professor quando o que o professor está ensinando vai lhes garantir nota, ou evitar que percam pontos (os quais eles valorizam por depender deles para "passarem de ano"); de modo que a preocupação principal, que seria avaliar a aprendizagem dos alunos, é deixada em segundo plano, o que pode interferir na qualidade dos testes elaborados pelos professores.
Os resultados do trabalho de Rodrigues & Precioso (2010) sugerem que "os testes de avaliação apresentam uma clara predominância de questões que visam avaliar o conhecimento substantivo, sendo raras as perguntas que avaliam as restantes competências. Não são colocadas questões relacionadas com o saber processual e epistemológico, e de raciocínio. Podemos admitir, que questionar a Ciência e avaliar atitudes são desempenhos que os professores que realizaram os testes da amostra, ainda não introduziram nas suas práticas avaliativas."

Propor o questionamento da Ciência em sala de alua, sobre como ela funciona e qual sua aplicabilidade no cotidiano dos alunos, é altamente útil e necessário, uma vez que esta ferramenta educativa fará com que os alunos agucem a curiosodade, se tornem perseverantes e desenvolvam atitudes inerentes ao trabalho de Ciências. Assim, se preciso for, estarão aptos para reformular seus trabalhos, sendo sensíveis e éticos para trabalhar com a Ciência.
Concluindo seu estudo, Rodrigo & Precioso (2010) constataram que os testes atuais aplicados pelos professores para avaliar a aprendizagem dos alunos, "avaliam tópicos e objetivos, que na maioria dos casos, parecem não ter interesse para a vida dos alunos e estão fundamentalmente relacionadas com a memorização de conteúdos. Prevê-se que após a elaboração do teste, serão esquecidos, porque não tiveram para o aluno qualquer interesse prático. Este fator poderá constituir uma das causas do insucesso escolar. A aprendizagem de conteúdos desprovidos de significado, algumas vezes inúteis para a vida, poderá conduzir ao desinteresse e, logicamente, ao referido insucesso escolar."

Desse modo torna-se evidente e necessário que a avaliação não se deva primar somente em testes, pois eles sozinhos são incapazes de avaliar o aluno em todos os sentidos. O professor deverá buscar outras alternativas, diversificar e desenvolver uma metodologia em que os alunos sejam atuantes e desenvolvam atitudes e valores.


Referências Bibliográficas:

- RODRIGUES, C. & PRECIOSO, J. Avaliar a avaliação: um estudo efectuado com testes do 6º ano de escolaridade de Ciências da Natureza. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias v. 9, nº 2, pp. 418-434, 2010.

2 comentários:

  1. Quem sabe um dia o objetivo das avaliações será julgar o sucesso de todo o processo de ensino-aprendizagem, e não apenas do aluno - parte significativa do processo, mas não a única. Um conjunto de leis e diretrizes que reconhece a importância da individualidade e autonomia intelectual de cada futuro cidadão (o que é o caso da nossa Legislação) não pode vir acompanhado de procedimentos avaliativos que selecionem os alunos frente a um padrão e punam aqueles fora dele com os frutos do "insucesso escolar".

    Para que isso não continue acontecendo, acho que a avaliação deve ser uma extensão da própria metodologia de ensino, ou seja, a metodologia de ensino deve ser elaborada de tal forma que ela seja auto-avaliativa, de forma a constantemente verificar se está atingindo os objetivos gerais da Educação dentro do microcosmo da sala de aula, levando em consideração o desenvolvimento de cada aluno. Quando os objetivos não são alcançados, adapta-se, muda-se a metodologia até que passem a ser.

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  2. Concordo com o Érico, as avaliações deveriam refletir o conteúdo dado pelo professor. Lembro de uma aula da Priscila onde ela falava isso, que a avaliação tem que, no mínimo, funcionar como um "medidor". Do relacionamento aluno-professor.

    Também acho cruel a imposição de padrões e punições, como citado pelo colega, mas mais cruel ainda é o sistema vigente, não só escolar, mas político também, que em si só contém uma violência implícita. As vezes explícita.

    Esse assunto se torna delicado, se pararmos para pensar que em lugares fora da escola esses padrões e imposições serão cobrados dos estudantes. Eu tenho quase certeza que a maioria de nós está aqui hoje, em um curso universitário, porque conseguimos gravar certos padrões pré-estabelecidos. Respondemos de forma correta, ou pelo menos esperada, a maior parte das questões do vestibular. E esse padrão vai se repetindo, sociedade afora. Se não é no vestibular, é em um concurso público. Ou numa prova de línguas. E por aí vai.

    Não há dúvidas de que uma avaliação ideal seria aquela que medisse o racicínio e outras qualidades dos alunos, mas além disso é necessário que o aluno tenha domínio do conhecimento "tradicional", porque não é só a escola que vai cobrá-lo.
    Waldir

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