Todos nós conhecemos um pouco ou já ouvimos falar sobre a interessante organização social entre as abelhas, que por ser tão complexa, até hoje muitos cientistas procuram compreender os vários processos que determinam o comportamento desta sociedade, como por exemplo, qual o tipo de substância presente na geléia real que confere a realeza. E por ser assim tão instigante é que temos tanta curiosidade em conhecer cada avanço no entendimento do comportamento das abelhas sociais.
Em um recente estudo, cientistas têm contribuído para demonstrar a influência de duas substâncias: a proteína vitelogenina e o hormônio juvenil, no comportamento de forrageamento.
As abelhas melíferas vivem em colméias e são organizadas em uma sociedade onde há divisão de trabalho, elas são chamadas de “eusociais” ou “verdadeiramente sociais”. Diferentemente da rainha elas são inférteis e por isso suas funções são cuidar do ninho, da rainha e das irmãs. O forrageamento é um tipo de função que elas desempenham, e isto inclui coletar água, pólen e néctar. A escolha entre coletar néctar (fonte de carboidrato) ou pólen (fonte de proteína) esta correlacionada com variações no comportamento e fisiologia das abelhas.
A atividade das abelhas operárias está relacionada com a idade, no começo consiste em trazer mel das celas de armazenamento para a rainha, zangão e larvas. Depois ela começa a produzir cera, que é exsudada do abdome, passada para frente pelas patas traseiras, mastigada prolongadamente e usada para aumentar a colméia. Essas “abelhas caseiras” também removem companheiras mortas ou doentes, limpam as celas para serem reutilizadas, e servem como guardas na entrada da colméia. Em uma terceira fase é que elas saem para forragear, o inicio deste comportamento esta associado com o desenvolvimento do ovário e com o (JH), ou hormônio juvenil.
Para testar o efeito da vitelogenina , foi utilizado um RNAi ou interferência, que inibe a expressão desta proteína em duas colônias de abelhas, com genótipos para diferentes comportamentos de forrageamento e fisiologia reprodutiva. Com isso eles concluíram que a vitelogenina só afeta a escolha entre coletar néctar ou polén, se as abelhas possuírem sensibilidade à níveis de vitelogenina. Além disso, a diferença da idade de inicio de forrageamento também é influenciado por uma relação mutualística entre esta proteína e o hormônio juvenil.
Desta forma há uma relação de integração da fisiologia do ciclo reprodutivo de fêmeas com o comportamento alimentar. A coleta de proteína (pólen), por exemplo, para uma abelha social, a Lasioglossum zephyrum, é essencial para o seu processo reprodutivo.
A atividade do gene para estas substâncias é essencial para regulação social do comportamento de forrageamento de abelhas, conferindo a elas adaptações especiais para a sobrevivência do grupo. No entanto os fatores que regulam a sensibilidade das abelhas à vitelogenina é desconhecido, e novos estudos em genômica funcional são necessários. Este estudo sugere que o comportamento de forrageamento é dependente da sensibilidade dos indivíduos a um sinal interno, mostrando como as diferenças genéticas entre as duas colônias pode contribuir para produção de características adaptativas, que são importantes para o sucesso ecológico destas sociedades animais.
Referência bibliográfica
IHLE K. E.; PAGE R. E. Jr.; FREDERICK K.; FONDRK M. K.; AMDAM G. V. Genotype effect on regulation of behaviour by vitellogenin supports reproductive origin of honeybee foraging bias. Animal behaviour (2010) 79-1001-1006.
Oi Lívia.
ResponderExcluirLembrei das aulas de comportamento animal com esse artigo. Acho que vale lembrar que um dos fatores que influenciam o forrageamento das abelhas é o peso do nectar que ela carrega. Se for pesado demais a ponto de prejudicar a capacidade de voo dela, ela diminui a carga.
Waldir