terça-feira, 4 de maio de 2010

CONHECENDO O GENOMA

Lendo o artigo ¨BIOLOGIA E ÉTICA: UM ESTUDO SOBRE A COMPREENSÃO E ATITUDES DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO FRENTE AO TEMA GENOMA/DNA¨ pude perceber a importância da investigação como uma alternativa para o trabalho do professor dentro de sala de aula, pois é possível melhorar a qualidade das aulas, formando alunos críticos e atuantes, capazes de atitudes bem pensadas em sua vida pessoal e profissional.

De acordo com os autores, a prática pedagógica de qualidade se baseia no currículo escolar e, principalmente, na formação inicial (e permanente) dos professores, contemplando aspectos como a ruptura de visões simplistas sobre o Ensino de Ciências. Para isso, são requisitos necessários, o conhecimento da matéria a ser ensinada, que o professor mude sua visão sobre o que é ensinar Ciência (adquirida quando era aluno), uma sólida fundamentação teórica para analisar criticamente o ensino tradicional, ter competência para preparar atividades, orientar os trabalhos dos alunos, na avaliação e na atuação como professor-pesquisador.

Podemos observar hoje como é fácil e rápida a obtenção de informação nos meios de comunicação, mas nem sempre o aluno tem uma orientação adequada para interpretar e usar essas informações para construir um conhecimento escolar.

Então para estimular o interesse e a curiosidade deles, os autores fizeram um conjunto de atividades intitulado Projeto Genoma.

Sabemos que a ciência envolve vários conteúdos conceituais pertinentes do nosso cotidiano e está em constante mudança e nem sempre os alunos têm conhecimento e condições de discutir e compreender as novidades científicas.

Assim, o professor não pode oferecer aos alunos conhecimentos definitivos. Alem disso, deve desfazer a concepção elitista da ciência, de que os cientistas são gênios e que o conhecimento científico é inatingível.

Devemos então esclarecer os alunos, capacitá-los a entender, discutir eticamente e opinar sobre aos rumos da ciência. Pois uma pessoa esclarecida tem capacidade de atuar na sociedade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) sugerem que se trabalhem temas sociais de modo interdisciplinar, por meio dos temas transversais (Ética, Meio ambiente e Orientação Sexual), desde o Ensino Fundamental. A partir daí eles poderão contribuir de alguma de alguma forma, desde que sejam contextualizados, para formar o cidadão. Além de ensinar o conteúdo, a escola deve também buscar meios de informar e formar, discutindo as questões éticas permeadas pelos conteúdos do Ensino de Ciência.

É importante contextualizar os conteúdos tratados no Ensino Médio e oferecer aos alunos uma visão atual do mundo, para que conheçam as tecnologias avançadas e as teorias que as sustentam. Mas para isso é preciso investir na formação dos professores, capacitando-os a desenvolverem práticas pedagógicas interdisciplinares de qualidade.

Pois de acordo com a autora, a prática pedagógica é fundamentada em dois referenciais teóricos: a função social do ensino (que cidadão quero formar) e saber como se aprende (psicogênese). Com base nestes referenciais são planejadas a aplicação, avaliação e a reorganização da seqüência de atividades, sempre considerando o contexto educacional.

Vemos hoje, que os professores encontram bastante dificuldade em não produzir o modelo de ensino aprendizagem que viveram. Pois devem saber estimular no aluno a autonomia, o diálogo, o debate de idéias, o trabalho colaborativo e o espírito crítico. Deve sistematizar as observações e pensar criticamente sobre elas.

Dentre as atividades proposta pela autora, uma em especial foi à projeção do filme ¨GATTACA¨, pois também trabalhamos na escola na qual atuamos. O filme projetava uma base de pesquisa futurista em que as pessoas geradas em laboratórios, por meio de manipulações genéticas, tinham suas identidades genéticas classificadas como válidas. Logo, o ser inferior foi gerado pelas vias normais (o ato sexual) e carregava em seu DNA as características positivas e negativas determinadas, ao acaso.

Através dele podemos mostrar a discriminação genética, bastante evidente no filme e que poderá, ser uma realidade nova e dura num futuro próximo. Também os limites entre ciência-religião e ciência–ética, já que o personagem principal no filme era considerado um ser inferior por aqueles gerados através de manipulações genéticas. Além dos conceitos sobre DNA vistos em sala de aula. E isso é bom para esclarecer a eles, caso no futuro, sejam capazes de atuar criticamente na vida cotidiana ou na busca de soluções para problemas sociais.

Assim, de acordo com a autora, é possível levá-los a trabalharem sob hipóteses alternativas e ou novas proposições teóricas a partir de debates e tendo acesso às novidades da Ciência. Podemos todos dar um salto qualitativo em nossas práticas docentes se utilizarmos tais ferramentas. Ensinar Biologia sob uma abordagem curricular conceitual, procedimental e atitudinal é o caminho para a aprendizagem significativa dos conteúdos. Os alunos participaram com muito interesse, questionando e pesquisando para re-elaborar seus conhecimentos.

Devemos assim, como futuros professores, sabermos articular os conteúdos científicos obrigatórios nos currículos, selecionar atividades diversificadas para motivar os alunos, considerando como eles vêem o mundo. Assim, teremos facilidade para perceber as dificuldades e os problemas que aparecem durante o processo de aprendizagem e isso nos tornará professores cada vez mais responsáveis, capazes de romper o velho paradigma de ensino, por transmissão e recepção.


Referência bibliográfica

- ALVES, S. B. F. & CALDEIRA, A. M. A.; Biologia e Ética: um estudo sobre a compreensão e atitudes de alunos do ensino médio frente ao tema genoma/DNA, 2008 – fae.ufmg.br
Disponível em: http://www.fae.ufmg.br

4 comentários:

  1. Creio que o aprendizado seja mais interessante quando ocorre essa relação com a realidade que cerca o indivíduo. É mais fácil aprender ciências usando os vários estímulos existentes, assim será também mais fácil depois relacionar o conteúdo e solucionar problemas.

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  2. Acho que um pré-requisito básico para se querer saber a respeito de coisas estranhas, invisíveis e, portanto, de utilidade e realidade duvidosas para o leigo, seja saber o papel que elas têm no mundo que ele conhece. Para isso, tem-se que encontrar o lugar na teoria de mundo da pessoa onde essas coisas se encaixam, onde se relacionem bem com outras; ou, então, devem-se desenvolver situações de interação entre a pessoa e as diferentes fontes de informação a fim de se fornecerem dados suficientes para que a própria pessoa possa deduzir isto.

    O texto diz que a prática pedagógica depende basicamente da função social do ensino (porque ensinar) e da forma com que se aprende (como ensinar). Pode parecer uma viagem minha, mas acho que vivemos uma época em que estes dois fatores começam a se misturar. Os objetivos do ensino básico vêm se voltando para as necessidades subjetivas de cada futuro cidadão, ao passo que os estudiosos do processo ensino-aprendizagem sabem há tempos que ela é mais efetiva quando baseada no universo pré-existente de conhecimentos do aluno.

    Desta forma, o porquê atual - que julgo ser fornecer ferramentas para que o aluno seja capaz de desenvolver sua própria autonomia - acaba possuindo uma grande interseção com o como, o qual acho que poderia, aliás, ser definido da mesma maneira.

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  3. Putz! Os professores tem coisa pra caramba pra fazer. Saber do contúdo, dos alunos e do mundo! Como fazer isso com todas as demandas atuais? Infelizmente, no papel é tudo tão bonito. O difícil é, com todas as condições atuais tentar realizar isso. Será possível?

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  4. Oi, Maísa. Eu acho que, neste modelo, o trabalho do professor não aumenta tanto quanto pode parecer, quantitativamente. Ele não precisa chegar a ser íntimo dos alunos, seu domínio do conteúdo não precisa ir às profundezas das últimas edições das revistas especializadas e nem é necessário que ele fique antenado 24 horas por dia quanto às novidades políticas, econômicas e culturais.

    Ele precisa conhecer apenas o suficiente de cada aluno para poder motivá-lo a querer buscar o conhecimento que lhe aumentará as chances de ser feliz dentro do contexto da nossa sociedade. Precisa conhecer o conteúdo conceitual o bastante para que a busca por um aprofundamento, quando necessário, seja possível. E ele precisa conhecer bem as ferramentas disponíveis para construção de conhecimento, como esta aqui.

    Isso não anula, no entanto, a precariedade das condições (várias), às quais você se refere. Mas acho que cada problema deve ser tratado isoladamente. Se, por exemplo, a falta de boa remuneração acaba fazendo com que tenhamos pouco tempo para nos dedicar à profissão, isso não é desculpa para que, neste pouco tempo, a desempenhemos de uma forma que leve a resultados tão ridículos quanto aos que as metodologias tradicionais têm levado.

    Temos que aproveitar as potencialidades do novo paradigma a nosso favor, mesmo em condições ruins. Se o momento escolar é curto para o trabalho (quase exclusivo, no modelo tradicional) com o conteúdo conceitual, então talvez fosse melhor usar este tempo para se trabalhar conteúdos procedimentais e atitudinais de forma a tentar fazer com que os alunos transformem outros momentos seus, particulares, em momentos "escolares", ganhando-se, assim, o tempo que falta.

    Este é um exemplo. Acho que um raciocínio similar pode ser usado para outros problemas, como a falta de motivação dos alunos, de infraestrutura na escola, etc.

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