O homem teve como pressuposto do seu sucesso no planeta,o desenvolvimento de uma complexa organização social combinada com ampla aquisição de materiais e conhecimentos para alterar a natureza circundante a seu favor. Assim se deu a ascensão da espécie humana,que se espalhou por todo o globo,conquistando os mais diversificados lugares e ecossistemas,utilizando como maior instrumento de adaptação, sua inteligência e capacidade de apreender e transmitir informações. Permanecemos de certa forma, durante milênios e milênios da história da humanidade, simbiontes aos ambientes terrestres, utilizando de sua capacidade de auto-regeneração e nossa capacidade de nos deslocar para garantir a disponibilidade de alimentação_ tal como ainda se nota em comunidades tradicionais contemporâneas, que tem claro para si, a visão de auto-preservação ligada a noção de preservação ambiental_. Acontece que ouve um tremendo divisor de águas nesse processo, a revolução industrial (1750) e o conseguinte desenvolvimento do capitalismo, que culminou com o avanço vertiginoso de tecnologias que ofereceram ao homem possibilidades nunca vistas antes e ampliou vastamente sua capacidade de intervenção na natureza, seu conhecimento e domínio. Até a alguns século atrás, a civilização moderna, urbanizada e sem um vínculo tradicional com a terra, ainda se comportava como se os recursos naturais fosses todos renováveis e inesgotáveis, e ainda hoje, a agroindústria monocultora extensiva, a pecuária intensiva ou as multinacionais, movidas pelo capital e que exploram os mais diversos recursos em nível mundial, ainda agem como se afetassem a natureza com o mesmo impacto que pequenos agricultores,criadores de animais, pescadores, coletores e comerciantes. O que vemos agora como consequência desse posicionamento, é o total colapso de enormes ecossistemas via ações antrópicas predatórias indiscriminadas, que ainda prosseguem desenfreadas apesar de todo o nosso atual conhecimento biológico,ecológico,climático,físico,etc. e que nos permite perceber muitas de suas consequências a já se expressarem e antever as prováveis futuras, a surgir catastróficos caso não haja nenhuma imediata mudança nessas estruturas.
Estudos alertam para as principais consequências atuais da operação humana no planeta:
1º Mudança climática
A concentração de carbono na forma principal de CO2 na atmosfera,devidos principalmente pela queima de combustíveis fósseis,promove o efeito estufa na terra, ao alterar a composição da atmosfera e interferir nos sistemas de refração e reflexão do calor.

Consequência de todos os despojos orgânicos humanos escoados para o oceano, que na forma de carbonatos, contribuem para a redução do Ph da água e a alteração da estabilidade abiótica do sistema.
3º Camada de Oxônio
Alguns dos muitos químicos lançados na atmosfera podem reagir com a camada de oxônio (o3) e altera o nível de permeabilidade da estratosfera da terra aos raios ultra-violeta solares. A camada é reduzida nessas reações e mais radiação UV chega até a litosfera.

Aumento acumulativo da quantidade de nitrogênio presente no ciclo da matéria graças as quantidades extras de N incorporadas pela amônia produzida e lançada na atmosfera pelas indústrias e regiões criadoras de gado, pelos fertilizantes artificiais, pela queima de biomassa e de combustíveis fósseis.
_ Ciclo biogeoquímico do Fósforo

Maior concentração de fósforo disponível no ciclo da matéria dos ecossistemas, ele está presente nos detergentes domésticos, em dejetos industriais e é carreado do solo para os cursos d'água em regiões desmatadas e/ou erodidas.
Ambos desestabilizam condições abióticas de ecossistemas terrícolas e aquáticos, estão envolvidos na formação da chuva ácida e na saturação oceânica desses compostos.
5º Taxa de perda de biodiversidade
Aumento da taxa de extinção de espécies graças a ação antrópica direta na destruição de ecossistemas, introdução de espécies exóticas e mudanças climáticas afetando a diversidade ecológica em diversas regiões.

Alterações dos ciclo hidrológicos e comprometimento de sua disponibilidade e acessibilidade futura. Desvio dos cursos de água para irrigação, construção de barragens, navegação, canalizações e redes de esgoto que consequentemente modifica a taxa de evaporação, velocidade de escoamento, constituição da aguá e taxa de acúmulo no subterrâneo.
-Poluição química de ambientes terrestres e aquáticos com compostos radioativos,metais pesados,produtos tóxicos e outros
-Carregamento de aerossóis_partículas solidas ou líquidas dispersas no ar_produzidos pelas mais diversas atividades humanas e que se concentram na atmosfera.
Se seguíssemos uma politica de precaução, priorizaríamos nos manter fora dessa margem de risco, assegurando não ultrapassar esses limiares que alteram tanto os padrões naturais dos ecossistemas, que podem desencadear reações com uma rapidez que não conseguiremos nos adaptar e seremos muito drasticamente afetados. As perdas ambientais são in-quantizáveis, e ainda carecemos muito de pesquisas nas áreas que nos revelem outras consequências a médio e longo prazo, para essas interferências. As informações que detemos bastam como ponto de partida para uma mudança de postura do homem para com a natureza, é necessário novos modelos que respeitem os riscos e as incertezas, que prezem a harmonia com o meio-ambiente e utilizem da maneira mais sustentável os recursos, com consciência dos limites de sua capacidade inata de auto-reparação. Coloquemos em prática todo o nosso conhecimento acumulados e nos reorganizemos para reparar os erros cometidos, realinhemos na tentativa de tanger verdades mais universais. Ainda podemos ser positivos e acreditar que no reentrelaçamento dos homens, dorme o seu próprio resgate. Jamais nos desvincularemos da terra como dela dependentes, a Terra é o nosso grande lar, e suas criaturas, os terráqueos a dividem conosco. Refaçamos essa conexão, comuniquemos, fecundemo-nos uns aos outros. Se pensarmos a partir da sabedoria popular e considerarmos o ditado: "tudo o que vai, volta"; o que recebemos de volta pelo desequilíbrios e danos que nós temos causado a todos esses organismos? E ainda, se pensarmos em outro que diz: "o que se colhe é o que se planta".O que seriam então,as vindouras safras da humanidade? Fica ai a pergunta. 
Referências:
>Planetary Boundaries: Exploring the Safe Operating Space for Humanity/Johan Rockström , Will Steffen , Kevin Noone , Åsa Persson , F. Stuart III Chapin , Eric Lambin , Timothy M. Lenton , Marten Scheffer , Carl Folke , Hans Joachim Schellnhuber , Björn Nykvist , Cynthia A. de Wit , Terry Hughes , Sander van der Leeuw , Henning Rodhe , Sverker Sörlin , Peter K. Snyder , Robert Costanza , Uno Svedin , Malin Falkenmark , Louise Karlberg , Robert W. Corell , Victoria J. Fabry , James Hansen , Brian Walker , Diana Liverman , Katherine Richardson , Paul Crutzen and Jonathan Foley .Ecology and Society - 2009.
>SABERES tradicionais e biodiversidade no Brasil/organizado por Antonio Carlos Diegues e Rinaldo S.V. Arruda. - Brasília: Ministério do Meio Ambiente; São Paulo: USP, 2001
>Earthlings. Direção/Produção: Shaun Monson.Documentário.USA:95 min
>Entrevista a Claude Levi strauss .Pierre Beuchot.Canal Arte-2004
>Begon, Michel - Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. Michael Bergon,Colin R. Townsend e john L. Harper.Porto Alegre,Artmed.4ª edição - 2008
No final, a evolução biológica sempre produz características nos organismos que trazem benefícios a eles, pois aquela sua parte encarregada de selecionar as mudanças (ou seja, a interação dos organismos com outros organismos e o meio abiótico) sempre eliminará organismos com características desvantajosas de acordo com seu contexto. Como ela pode ter produzido, então, um animal com tanta capacidade de prejudicar a si mesmo quanto o homem?
ResponderExcluirUma possibilidade - bastante antropomórfica - é a de que há uma inteligência por trás da evolução, um grande projeto evolutivo, e tudo corre conforme o planejado, sendo este nosso contexto atual apenas o entremeio desequilibrado que tenderá a um grand finale positivo. Esta possibilidade ainda pode ser temperada com alguma dose de caos - como "livre arbítrio", por exemplo - e com a super-indução que considera o planeta como um grande organismo, para retirar a humanidade do papel central no palco e incluir aí a probabilidade da seleção negativa humana.
Uma outra possibilidade - bem menos sobrenatural - é a de que a evolução, cega como é, produz características com benefício apenas imediato, sem condição alguma de avaliar se, futuramente, estas características podem se tornar desvantajosas ou dificilmente adaptáveis a novas condições. Isto explica as extinções constantes no decorrer do tempo geológico e a prevalência eterna de seres extremamente simples os quais, por esta característica, são muito mais flexíveis a alterações do ambiente.
A linhagem evolutiva que conduziu a nós passou por muitas seleções positivas de características que no final das contas permitiram, por acaso, uma capacidade de manipulação do ambiente inédita. Uma capacidade certamente vantajosa nos momentos iniciais (pois estamos aqui, com ela) mas que vem se tornando desvantajosa à medida que a própria história da nossa espécie foi alterando o meio com o qual ela vem interagindo.
Minha esperança é a de que, numa nova reviravolta, essa mesma história tenha fornecido os elementos necessários para que tenhamos condições de, dentro do tempo necessário, alterar a forma como viemos utilizando esta nossa capacidade, a qual chamamos inteligência. Também de forma inédita, a inteligência é um conjunto de características biológicas auto-crítica e, portanto, auto-readaptável (putz, isso existe?). Quem sabe, por isso, consigamos evitar o destino comum a todas as espécies que aparecem neste planeta?
Morvan,
ResponderExcluirEu to acabando de escrever um artigo sobre esses mesmos nove grandes problemas ambientais identificados pelos cientistas. Vou mandar pra vocês e vê se dá pra aproveitar, fundir com o seu sei lá.
Valeu