quinta-feira, 22 de abril de 2010

O poder dos “videogames” no processo de aprendizagem

Uma das mídias ou formas de comunicação mais presente no mundo atual são os “videogames”, afinal de contas, eles proporcionam prazer, descontração, e abrem uma enorme janela para a imaginação. Além disso, eles podem ser considerados como dispositivo cultural que fornece competências especiais para o processo de aprendizagem ou educação.

Os "videogames" são formas de comunicação audiovisual que permitem que tomemos decisões em seu desenvolvimento, ou seja, que interagimos com ele. Um jogo que fornece competências especiais para a educação deve apresentar: desafio, curiosidade e fantasia. Estes fomentam a reflexão, a concentração e o raciocínio estratégico. Eles estão relacionados ao desenvolvimento geral de alguns tipos de reflexos e aumentam assim os níveis de agilidade mental.

Segundo Jerome Bruner o desenvolvimento cognitivo é tanto mais rápido quanto melhor for o acesso da pessoa a um meio cultural rico e estimulante, e neste aspecto o videogame tem grandes atributos. Segundo muitos estudos os jogos virtuais estimulam a capacidade de manipular dados e aplica-los de maneira versátil em contextos e situações concretas na nossa sociedade contemporânea, mesmo que estas passem por constantes mudanças.

Esses meios de interatividade permitem que os estudantes incorporem de maneira cômoda e natural o mundo da informática e dos computadores, e as utilizem também para a educação.

Muitos pais e educadores dizem que o uso destes jogos tanto anula a personalidade dos adolescentes, quanto os fazem confundir realidade de ficção. Também questionam os conteúdos violentos. Entretanto estudos mostram que não há efeitos negativos que se confirmem pelo uso de “videogames”, ou se estes causam aberrações no comportamento infantil. O risco que se tem, é quando o seu uso é intenso, isso impede a dedicação a outras atividades sociais, como a atividades ao ar livre, prática de esportes e afeição à leitura. Essa tendência de nossas sociedades ao individualismo não tem precedentes ao uso de jogos. Pelo contrário, esta mídia, na maioria das vezes, age como objeto de socialização, fomentando a interação de grupos para compartilhar estratégias e táticas.

Mas é essencial conhecer os tipos de jogos que seus filhos ou alunos estão jogando, e uma forma de discernir sobre o conteúdo e faixa etária destes jogos, é utilizando alguns sistemas de classificação que podem ser acessados pela internet, como: o ESRB (Entertainment Software Rating Board) ou PEGI (Pan European Game information), estes sistemas analisam os melhores jogos que podem ser adotados para grupos de diferentes idades. Além disso, conhecer os diferentes tipos de jogos ampliam uma diversidades de possibilidades educativas que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas com a representação dinâmica do espaço dentro da aprendizagem como reflexão, pensamento estratégico, e agilidade mental.

Foram citadas algumas categorias de jogos e sua ação cognitiva e social. Entre elas se encontram:
Jogos de ação: propõe ao jogador uma resposta rápida, precisa e determinada. Alguns exemplos são citados, como Space Invaders, Tekken, Mortal Kombat e os mais jogados atualmente são, entre outros, Doom, Quake, Halo, Call of Duty.

Jogos de estratégia: trabalha o desenvolvimento de pensamento lógico e resoluções de problemas. Civilization IV – Age of Empires e Starcraft são os mais jogados, sendo este último utilizado em cursos da Universidade Berkeley na Califórnia, objetivando a ajudar os alunos a entender estratégias bélicas através de ferramentas de cálculo como as equações diferenciais. Rise of Nations é fonte de vários estudos, e o que se tem concluído é que ele pode ajudar a melhorar a velocidade e habilidade de realizar tarefas, melhorar a capacidade de raciocínio e memória aplicada a resoluções das mesmas.

Jogos de aventura: produzem uma alta interatividade, pois necessitam que decisões sejam tomadas constantemente. O King Quest, The Saret of Monkey Island e Indiana Jones são os exemplos citados no texto.

Jogos Esportivos: o futebol e o basquete são os mais jogados, com o aperfeiçoamento tecnológico destas mídias, hoje este tipo de jogo não se resume em apenas realizar uma partida ou fazer gols, os jogos atuais permitem que se preveja o futuro dos jogadores, como contratações ou vendas de passes, ou mesmo a montagem do time, entre outras coisas. Isto também incentiva o raciocínio, a organização de táticas e planejamento.

Jogos de simulação: o My Eco Planet é um jogo recente, produzido pela Ubisoft. Ele foi muito elogiado pelo secretário geral da ONG WWF, Juan Carlos, o qual disse em uma apresentação que estes jogos são uma grande iniciativa, pois agem como uma ligação eficaz entre crianças e adolescentes, de forma a promover o entendimento e amor pela natureza, além do consumo responsável e o respeito pelos animais.

Jogos de interpretação de papéis ou personagens: estes jogos estimulam o desenvolvimento do cálculo mental, o vocabulário, a criatividade, bem como certas atitudes e valores de socialização, como empatia, tolerância, responsabilidade e trabalho em equipe. Este jogo depende da evolução do personagem para, por exemplo, desvendar enigmas como o Final Fantasy. Mas os mais jogados atualmente são: MMORPG (Massive Multiplay Online Role Playing Game), WOW (World of Warcraft), Innov8 entre outros listados.

A Fundação Americana de Cientistas (FAS) defende que para as novas gerações, essas ferramentas serão imprescindíveis e cem por cento efetivas. Os jogos e simulações audiovisuais serão objetos utilizados para preparar os trabalhadores do século XXI.

Portanto envolver nessa experiência com as crianças e adolescentes se faz necessária, tanto para se sociabilizar com o meio cultural em que eles estão envolvidos, quanto para propor jogos que desenvolvam essas habilidades especiais, e assim os ajudem na aprendizagem em sala de aula.

Bibliografia:

ANA SEDENO. Videojuegos como dispositivos culturales: las competências espaciales en educación. Comunicar, n° 34, v. XVII, 2010, páginas 183-189.

6 comentários:

  1. Cara Livia e demais colegas, temos aqui na UFSJ uma pequena (apenas 6 computadores) Lan House (a diferença básica entre um laboratório de informática e uma Lan é que nesta última os computadores estão conectados entre si e permitem, dependendo do jogo ou software utilizado, uma interação entre eles). Convido-os a conhecê-la e também colaborar com ideias e sugestões de trabalho em conjunto. Quem sabe não pode-se tirar ai um jogo interativo de biologia e verificar a aprendizagem in game? Ela fica ao lado da Brinquedoteca, visinha do antigo biotério...

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  2. Videogames! Os jogos eletrônicos são parte significativa da minha vida. Os joguinhos de Atari, Nintendo 8 bits e, mais tarde, Master System, Mega Drive e Super Nintendo que eu jogava na casa de meus colegas da escola quando eu era pequeno me motivaram a direcionar boa parte dos meus recursos financeiros (a.k.a. mesada) para o consumo dessa indústria. Isto, claro, até que a popularização de mídias com grande capacidade de armazenamento seguida pela expansão da Internet permitissem uma pirataria desenfreada. Hoje, não acho isso necessário, pois as novas formas de se ganhar dinheiro na rede permitiram a existência de jogos "gratuitos", aos quais minha experiência recente tem se limitado.

    Quanto aos gêneros, sempre fui eclético. Do velho esquema "plataforma", passando pelos jogos de porrada até os de estratégia (talvez meus favoritos), eu tinha um momento para cada um deles. Digo tinha porque, infelizmente, hoje em dia não tenho mais que algumas poucas horas por semana para me divertir assim.

    Não sei dizer o quanto cada jogo pode ou não ter contribuído para meu desenvolvimento cognitivo. Mas, que muitas vezes havia um esforço mental perfeitamente comparável ao necessário na resolução de problemas com alto "status" (como na faculdade), ah, isso havia; e se nossas redes neurais são construídas assim, eu produzi um monte! Lembro também de ter enfrentado o preconceito com alguns jogos, fomentado pelas mídias e incorporado à minha vida por meio dos meus pais.

    Por fim, sei que hoje é inegável o papel dos jogos no auxílio, preparação ou mesmo execução de uma série de atividades ditas "sérias". Sobre isso, um último pensamento. Sempre (desde de minha primeira lembrança) me pareceu haver na nossa cultura uma ideia de ser bom, útil, sério, apenas aquilo que é produzido com sofrimento. Isto está impregnado nas nossas vidas e também na escola. Se é divertido, não é útil. Quem se diverte demais, é vagabundo, não produz. Uma coisa é verdade: vivemos em sociedade e gostamos dos frutos do trabalho dito sério da sociedade; se queremos preservá-los, temos que trabalhar por eles. Mas quem disse que este trabalho não pode ser divertido, prazeroso? O próprio momento escolar, parte deste processo, não precisa ser sofrido. No presente momento, não PODE ser. Se os jogos possuem potencialidades para produzir coisas "úteis", "apesar de" (ou seria "justamente por"?) serem divertidos, vamos aproveitá-las!

    Olá, Anônimo! Muito obrigado pela informação e pelo convite! Mas quem é você? Quando podemos encontrá-lo na LAN House?

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  3. Ei anônimo!Também gostaria de saber quem é você, agradecer e como o Erico disse marcar um encontro e quem sabe analisar a idéia do game em biologia...

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  4. Rs... aposto que o Anônimo é o Waldir!

    Bem, sou suspeitissima para falar de jogos, cresci convivendo com eles e gosto muito, gostarei de dedicar muito mais tempo a eles do que eu tenho para isso, mas fazer o que. Estou doida pra jogar esse Civilation IV, deve ser ótimo, já adoro o Age of Empires, imagina esse!?!?! Quem tiver por favor.
    E quanto aos RPGs, foram excelentes para mim, aprendi a raciocinar rápido, responder as coisas coerentemente e rápido, além de fazer planejamentos que antes eu julgava impossíveis, aprendi também o significado de empatia e como manifestá-la. Tudo está sendo extremamente importante para a minha vida social e profissional. E aprendi tudo isso me devertindo, de acordo com as abservações do Érico, parece estamos quebrando um paradgma cultural!

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  5. Acho muito interessante a idéia de se utilizar jogos na educação, com alguns cuidados, claro!

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  6. Olá a todos,
    Sou Fisioterapeuta e faço especializaçao em Educação Inclusiva. Faço atualmente estudos relacionados aos videogames como instrumentos pedagógicos,inclusivos,preventivos e reabilitativos. Há pouco apresentei em um simpósio os benefícios do uso de jogos de simulação como The Sims, SimCity e LinCity. Acho que aqui poderemos trocar bastante informação.
    Até Breve,
    Danielle Damasceno

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